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Conheça João Bananeira, o ícone do folclore e patrimônio imaterial de Cariacica

Um personagem todo coberto de folhas de bananeira, usando máscara pintada à mão e uma capa de tecido colorido. Esse é o João Bananeira, ícone do folclore de Cariacica. O mascarado é o mais representativo da história da cidade e sua origem vem de mais de 150 anos, desde as antigas procissões em época de Carnaval de Congo de Roda D’Água. A região é um território remanescente de quilombo e, de acordo com a história contada, negros fugidos da Revolta de Queimados (1849) iniciaram a tradição do congo com seus cantos e tambores. Conforme os relatos dos mais antigos, no meio da procissão, negros escravizados colocavam máscaras para cobrir os rostos e até mesmo usavam meias nos braços para não serem identificados e, assim, participarem do cortejo. Com o tempo, transformou-se numa brincadeira e foi incorporada à tradição da festa folclórica.O mistério do personagem está em não divulgar quem está por trás da máscara, sendo revelado somente ao final da apresentação. Antes, ainda com as tradições mais enraizadas, para conseguir que não fossem identificados, os mascarados se vestiam nas plantações de banana da zona rural do município. Patrimônio imaterial de Cariacica E tamanha importância histórica faz com que o personagem tenha sua existência perpetuada e protegida. Em 2020, a Secretaria Municipal de Cultura (Semcult) registrou o Carnaval de Congo de Máscaras e o João Bananeira como patrimônios imateriais da cidade de Cariacica. A ação foi documentada por meio dos decretos municipais nº. 117 e nº. 118 de 3 de julho de 2020. Desta forma, o Carnaval de Congo de Máscaras de Roda D'Água fica preservado em suas características, não admitindo adaptações, e tendo os grupos e bandas de congo de Cariacica como os protagonistas e responsáveis pelo evento. O personagem João Bananeira também está garantido nessa preservação: teve a descrição de sua indumentária registrada, inclusive na forma tradicional de confecção das saias e das máscaras, feitas de folhas de bananeira e material reciclado. O ícone do folclore também tem um dia só seu. No ano passado, foi criada a Lei nº 6.495 que instituiu no calendário municipal oficial o Dia do João Bananeira, a ser comemorado no primeiro dia útil após o Carnaval de Congo. Mais um sinal de reconhecimento da importância da preservação da memória de Cariacica.  Lei de incentivo cultural A figura folclórica é tão importante dentro do município que a principal política pública de incentivo financeiro à cultura leva o nome de João Bananeira, que conta com o repasse direto do benefício aos artistas e produtores culturais residentes na cidade. A lei criada em 2005 beneficia iniciativas nas áreas de artes musicais, artes cênicas (dança, teatro, circo, ópera e afins), audiovisuais (cinema, vídeo e afins), artes visuais (colagens, gravuras, fotografia, moda, paisagismo, decoração, charges, quadrinhos e afins), patrimônio material e imaterial, artes literárias, artes plásticas, cultura popular (carnaval, folclore, capoeira e artesanato e afins), e arte contemporânea (novas mídias, performance, instalação, manipulação digital e afins). Nas escolas Por sua representatividade e importância histórica, a imagem do personagem foi usada para estampar os cadernos e agendas dos alunos das escolas da rede municipal de ensino. Afinal, é importante que as crianças cresçam conhecendo a história e sintam orgulho dos ícones culturais de sua cidade. Ainda nesse sentido, o personagem João Bananeira faz apresentações em escolas da rede municipal, em que o próprio mascarado conta a história de sua origem para os estudantes. Além de conhecerem a origem do personagem, os alunos fazem objetos de artesanato, máscaras, cartazes e desenhos com a figura do João Bananeira para recebê-lo. A visita do personagem nas escolas faz parte do projeto “João Bananeira nas Escolas”, que é uma parceria entre as secretarias de Educação e de Cultura e Turismo de Cariacica (Semcult). O objetivo é contar a história da figura folclórica para os alunos, desde as antigas procissões em época de Carnaval de Congo, até os dias atuais.  Nesse projeto, quem está por trás da figura folclórica é o artista e dançarino Alfredo Evangelista, mais conhecido como Alfredo Godô. "É uma honra e um prazer dar vida a esse personagem tão importante. Levar a história do nosso folclore é uma forma carinhosa de valorizar a nossa cultura", conta Godô.

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