Alunos participam de projeto de leitura na Emef Luzbel Pretti

Ezequiel Barcelos tem 10 anos e uma dúvida: ser advogado ou veterinário. Isso ele ainda tem muito tempo para decidir, mas uma coisa ele tem certeza, seja qual for a profissão escolhida é preciso ler muito desde já. Ezequiel cursa o 5º ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental Luzbel Pretti, em Operário, que para despertar o gosto pela leitura nos estudantes desenvolve o Projeto Emília, que faz parte do Programa Ensina Brasil.


“A gente tem que ler para entender o que o animal precisa e o que o advogado precisa para conseguir falar que seu cliente é inocente”, conta Ezequiel.


A inspiração para o projeto veio  da obra de Monteiro Lobato “A Reforma da Natureza”, publicada pela primeira vez em 1941. Enquanto os personagens Dona Benta, Tia Nastácia e Visconde de Sabugosa embarcam em uma missão na Europa, Emília permanece no Sítio do Picapau Amarelo e promove uma grande mudança, nascendo assim o livro comestível.


“Ela acha que o livro é muito insosso, só o papel, então ela quer transformá-lo em algo comestível em que ela pudesse ler e comer a página, cada livro teria um sabor diferente. Isso tem incutido uma ideia de a leitura gerar não só conhecimento, mas também prazer. A proposta do Projeto Emília é que a leitura possa ser um espaço de fruição, a gente sabe que o potencial da leitura de emancipar o homem, de transformá-lo num ser mais consciente, crítico das suas ações e das ações alheias é incrível”, afirma o professor de Língua Portuguesa e coordenador do projeto, Leonardo Barros Medeiros.



A iniciativa chegou a Emef no início do ano e consiste em alunos do 9º ano leem histórias para os colegas das séries iniciais do contraturno.


A primeira etapa foi reconhecer e selecionar o acervo da biblioteca, em seguida foram criadas parcerias com escritores e com alguns institutos entre eles a Fundação Cultural Casa Lygia Bojunga e a Academia Brasileira de Letras. Em seguida Leonardo fez o convite aos alunos do 9º ano que, prontamente, abraçaram a missão e todas as sextas-feiras dirigem-se à escola no turno matutino e escolhem os livros que irão ler na sexta-feira seguinte para a turma escolhida. O preparo é feito em casa.


A estudante Ana Paula Rodrigues, 14, faz parte do projeto e se prepara sob o olhar atento da família, que é só elogios à postura dela. “Sinto medo de errar e alegria também. A gente ensaia e tenta deixar mais divertido”, comenta.


Na manhã desta sexta-feira (07) Ana Paula e a colega Regina Miguel, 14, leram o 5º ano o livro “A Bruxa Salomé”. Ezequiel prestou atenção em cada detalhe da apresentação e conta que até gostou da história de Audrey Wood, mas é fã mesmo de Maurício de Sousa e Monteiro Lobato.


“Ele (Maurício) coloca o engraçado com o texto real, como acontecem as coisas no nosso dia a dia, como a Turma da Mônica, acontece de a gente brigar todos os dias, mas a gente fica amigo outra vez e continua”, comenta o futuro advogado ou veterinário.


A diretora da unidade, Silvânia Ribeiro, não esconde a emoção em ver que alunas que chegaram à escola pequeninas hoje são adolescentes e estão realizando um trabalho tão grandioso com os colegas menores.


“Elas têm uma desenvoltura muito grande, tem sido muito bom para as meninas que estão comprometidas e para as crianças que estão escutando, isso tem despertado nelas o estímulo à leitura e o prazer de ouvir a leitura”.


Em um cenário em que os pequenos estão cada vez mais conectados, 1 em cada 3 usuários de internet no Brasil é criança, conforme o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Silvânia ressalta a importância da formação de leitores.


“É importantíssimo que a gente possibilite a eles esse momento de leitura, o prazer de ler e de ouvir. Pela leitura eles podem encontrar novos caminhos e descobrir um mundo de coisas diferentes”.