Médicos e enfermeiros passam por capacitação sobre sífilis

IMG_8616Médicos e enfermeiros da rede municipal participaram por capacitação sobre o manejo clínico de casos de sífilis, nesta quarta-feira (10). A ideia é esclarecer os procedimentos de tratamento de pacientes com sífilis, sejam gestantes ou não. Estiveram presentes representantes do Ministério da Saúde, das coordenações estaduais de Atenção Primária e de IST/Aids e do Conselho Regional de Enfermagem (Coren/ES).

IMG_8637"Com o aumento de casos de sífilis congênita e adquirida no país e no Estado, a nossa ideia é intensificar o enfrentamento à saúde, com o tratamento adequado nas unidades de saúde desde a primeira consulta do pré-natal, no caso de gestantes. Além disso, por meio da atenção primária é que conseguimos prever agravos e minimizar casos mais graves. Por isso, queremos organizar o processo de trabalho e enfatizar a importância dos enfermeiros", afirma a coordenadora estadual de Atenção Primária, Tânia Mara Ribeiro.

O presidente do Coren, Wladimilson Gama Almeida, tem acompanhado as capacitações realizadas pela Secretaria de Estado da Saúde, ressalta a prerrogativa dos enfermeiros para diversos tratamentos nas unidades de saúde. "Os enfermeiros têm capacidade legal para prescrever e aplicar medicações como a penicilina benzatina. Estamos aqui para empoderar os profissionais e mostrar que há mais segurança na aplicação quando há um enfermeiro presente na unidade de saúde",  detalha.

Segundo a médica ginecologista Bettina Moulin Coelho Lima, que faz parte da Coordenação Estadual de IST/Aids, os pacientes são tratados com penicilina benzatina, mais conhecida como benzetacil. "O tratamento deve ser do casal, com aconselhamento pós-teste e uma conduta adequada segundo cada fase da doença", explica.







A Sífilis*


É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior.

Formas de transmissão

A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, ou para a criança durante a gestação ou parto.

Sinais e sintomas

Sífilis primária

  • Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias.

  • Normalmente não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha.


Sífilis secundária

  • Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial.

  • Pode ocorrer manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias.

  • Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo.


Sífilis latente – fase assintomática

  • Não aparecem sinais ou sintomas.

  • É dividida em sífilis latente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos de infecção).

  • A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.


Sífilis terciária

  • Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção.

  • Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.


Diagnóstico

O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. O TR de sífilis é distribuído pelo Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS), como parte da estratégia para ampliar a cobertura diagnóstica.

Nos casos de TR positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial (não treponêmico) para confirmação do diagnóstico.

Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste positivo (reagente), sem precisar aguardar o resultado do segundo teste.

Tratamento e prevenção


O tratamento de escolha é a penicilina benzatina, que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde mais próxima de sua residência.

O uso correto e regular da camisinha feminina ou masculina é uma medida importante de prevenção da sífilis. O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal de qualidade contribui para o controle da sífilis congênita.

Sífilis congênita

É uma doença transmitida para criança durante a gestação (transmissão vertical).= Por isso, é importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o resultado for positivo (reagente), tratar corretamente a mulher e sua parceria sexual, para evitar a transmissão.

Recomenda-se que a gestante seja testada pelo menos em 3 momentos:

  • Primeiro trimestre de gestação

  • Terceiro trimestre de gestação

  • Momento do parto ou em casos de aborto


Sinais e sintomas

Pode se manifestar logo após o nascimento, durante ou após os primeiros dois anos de vida da criança.  São complicações da doença: aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e/ou morte ao nascer.

Diagnóstico

Deve-se avaliar a história clínico-epidemiológica da mãe, o exame físico da criança e os resultados dos testes, incluindo os exames radiológicos e laboratoriais.

Tratamento e prevenção


Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível,   com a penicilina benzatina.  Este é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical. A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para evitar a reinfecção da gestante. São critérios de tratamento adequado à gestante:

  • Administração de penicilina benzatina

  • Início do tratamento até 30 dias antes do parto

  • Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis

  • Respeito ao intervalo recomendado das doses


O uso correto e regular da camisinha feminina ou masculina é uma medida importante de prevenção da sífilis. O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal de qualidade contribui para o controle da sífilis congênita.

Cuidados com a criança exposta à sífilis

O principal cuidado à criança é a realização de um pré-natal de qualidade e o estabelecimento do tratamento adequado da gestante.

Todas as crianças expostas à sífilis de mães que não foram tratadas, ou receberam tratamento não adequado, são submetidas a diversas intervenções que incluem: coleta de amostras de sangue, avaliação neurológica (incluindo punção lombar), raio-X de osso longos, avaliação oftalmológica e audiológica. Muitas vezes há necessidade de internação hospitalar prolongada.

*Fonte: Ministério da Saúde