Ginasta irá representar o Brasil nas Olimpíadas 2016 com recursos da Lei Horácio Carlos Rosa

Mesmo com a menor arrecadação per capita do Estado, Cariacica não se esquece de seus atletas. Prova disso é que, por meio da Lei Municipal de Incentivo ao Esporte, a Horácio Carlos Rosa, a Prefeitura apoia a multicampeã de ginástica rítmica, Francielly Machado Pereira, que estará representando o Brasil nas Olimpíadas Rio 2016. Além de Francielly, a lei beneficiou 29 atletas e 18 projetos sociais. Esses projetos atendem aproximadamente 1,5 mil crianças e adolescentes. Outra atleta de destaque contemplada com a Lei Horácio Carlos Rosa é a campeã mundial de kickboxing Barbara Nepomuceno. Confira ao final da matéria histórias emocionantes de alguns dos esportistas contemplados.

A Horácio Carlos Rosa prevê concessão de incentivo fiscal e financeiro ao esporte amador, olímpico e paralímpico, além do apoio econômico (Bolsa Atleta) aos atletas e paratletas de rendimento e estudantes que representam Cariacica em competições oficiais e que estejam em plena atividade esportiva.

“A Lei Municipal de Incentivo ao Esporte é muito importante porque vem ao encontro das necessidades dos atletas e de suas famílias. Ela foi criada para valorizá-los e dar credibilidade ao trabalho que está sendo feito pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semesp). Nesta administração, a Prefeitura criou possibilidades de apoio a esportistas de qualquer tipo de modalidade”, afirmou o secretário municipal de Esporte e Lazer, Edvaldo Erlacher.

Barbara Nepomuceno 

Barbara Nepomuceno começou a praticar o kickboxing em 2009, época em que estava finalizando o curso de Geografia na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ela realizava suas atividades físicas em uma academia do bairro Bela Aurora, em Cariacica, com o objetivo específico de perder peso. Com apenas três meses de treino, conseguiu emagrecer quase 10 kg e acabou tomando gosto pelo esporte. Notou que possuía alguma habilidade e que, com um pouco mais de dedicação, poderia participar de competições. Em outubro de 2013, já trabalhando como professora de Geografia na Rede Estadual, foi a única brasileira dentro de um grupo de atletas profissionais a receber medalha de ouro numa modalidade de ringue, na qual participavam homens e mulheres. A partir daí, Barbara passou a treinar com o mestre Augusto Nasser, que a ajudou muito em sua carreira. Em uma equipe de alto rendimento, graduou-se faixa preta e, hoje, vive exclusivamente do kickboxing.

Com muita transpiração e amor ao que faz, a atleta faturou os seguintes prêmios: campeã mundial 2013 low kick + 70kg; campeã da Copa do Mundo 2014 K1 Rules + 70kg; bicampeã panamericana em 2012 e 2014; campeã sulamericana 2013; pentacampeã brasileira 2011-2015; tricampeã da Copa Brasil; oito vezes campeã estadual da 1ª e 2ª etapa (2010-2015) e campeã do mundial WGP 2014.

“Viver do esporte no Brasil não é fácil, porém, mesmo com as dificuldades que enfrento, não desisto dos meus sonhos. Quando fiquei sabendo por meio de amigos da Lei de Incentivo ao Esporte de Cariacica, a Horácio Carlos Rosa, segui todos os passos necessários para consegui-la e fui contemplada. O valor que recebo é de extrema importância para a minha manutenção no esporte, pois tenho muitos gastos. Gostaria de agradecer à Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semesp) pela iniciativa de valorizar os atletas de Cariacica”, enfatizou a lutadora de kickboxing, Barbara Nepomuceno.

Patricia Pereira dos Santos

Patricia Pereira dos Santos sempre gostou de praticar atividades físicas. Dos nove aos 20 anos foi jogadora do Cac Futebol Clube, equipe profissional de futebol de campo. No entanto, sua carreira no futebol teve de ser interrompida devido a uma tragédia que mudou definitivamente o rumo de sua vida. No dia 25 de janeiro de 2002, Patricia sofreu um assalto e recebeu um tiro no pescoço. Em cima de uma cadeira de rodas, ficou muito abalada, sentindo-se excluída da sociedade. A volta por cima viria em 2004, por meio do basquete em cadeira de rodas. Ela permaneceu na modalidade até 2008. Em 2009 foi convidada a conhecer o Projeto de Acessibilidade do Paradesporto. Até então, ela não sabia nadar, porém, após a palestra que participou, resolveu partir para um esporte individual: a natação. A partir daí, com muita ousadia, treinamento e por meio dos recursos da Lei de Incentivo ao Esporte de Cariacica, a Horácio Carlos Rosa, a atleta foi campeã brasileira no paradesporto de 2010 a 2015, campeã em 2013 do Open Paralímpico de Natação da Argentina e atleta revelação de 2013.

“Busco em meio aos obstáculos superar-me e nunca desistir dos meus sonhos. Cariacica veio ajudar-me em um momento crucial para o esporte amador e de alto rendimento. Grande parte dos atletas destaques no Estado é daqui do município e, muitas vezes, os empresários esquecem-se de nós. Hoje tenho o incentivo da Lei Horácio Carlos Rosa, que é minha única fonte de sobrevivência na natação. Ficar fora de competições por falta de recursos financeiros é decepcionante para qualquer atleta”, afirmou a nadadora Patricia Pereira dos Santos.

Lucio Mauro Crizanto

Lucio Mauro Crizanto nasceu com poliomielite e, sem a firmeza que precisava ter na perna esquerda, só conseguia praticar esporte como goleiro. Devido à doença, não costumava chutar a bola, lançando-a apenas com o braço. Foi então que, em 1995, disputando um campeonato amador de futebol, um colega o convidou para competir nos Jogos Abertos Escolares na modalidade lançamento de dardo. Com o ótimo desempenho que obteve, ainda em 1995, Lucio foi chamado para o Campeonato Brasileiro, em Brasília, o qual não era voltado para paratletas. Lá bateu o recorde estadual e ganhou duas medalhas de prata. Assim, entrou no ranking nacional do paradesporto.

Muito feliz e, ao mesmo tempo, surpreso com seus resultados, voltou ao Espírito Santo e resolveu conhecer portadores de necessidades especiais. Até o momento, ele não se classificava dentro desse grupo. Após essa experiência, já ciente de sua condição, ele foi representar o Brasil em Berlim, na Alemanha e conquistou uma medalha de ouro no lançamento de disco.

Ao retornar ao País, foi convidado a morar em Curitiba juntamente com a Seleção Brasileira Paralímpica. Nesse período, participou do Mundial Stock Mandeville, na Inglaterra e conseguiu três medalhas de bronze no dardo. Além disso, ganhou duas medalhas de prata no dardo e no disco no Mundial de Mar Del Plata, na Argentina.

Em 1999, o paratleta obteve duas medalhas de ouro no Panamericano do México. Ainda no mesmo ano, foi pré-convocado para as Paralimpíadas de Atlanta. No entanto, um triste fato marcaria a sua carreira. Lucio viajou para Atlanta, mas não pode participar, pois alegaram erro em sua inscrição. A decepção foi tão grande que ele ficou oito anos sem praticar esporte, entrando em um processo depressivo. Ele passou então a jogar bola como hobby e a participar de algumas corridas e passeios conhecidos na Grande Vitória. Graças à grande insistência de seu treinador, Luiz Claúdio Ventorim, em 2007, Lucio voltou a praticar lançamento de dardo. Com esse renovo, ao participar do Campeonato Brasileiro, em Campinas, teve a felicidade de bater o próprio recorde nacional, com a marca de 42,95 m.

“Posso te dizer que esta vitória fez com que eu retornasse 100% ao esporte. De 2007 até 2015 fiquei sempre entre os três melhores do Brasil. Em 2015, participei do Campeonato Open Internacional, em São Paulo e conquistei duas medalhas de prata no dardo e no disco. Nesse sentido, a Lei Municipal de Incentivo ao Esporte de Cariacica possibilitou-me a ter menos despesas, ir a competições nacionais e internacionais e obter grandes resultados”, disse o paratleta nas modalidades dardo e disco, Lucio Mauro Crizanto.