Acessibilidade e inclusão: alfabeto em braille impresso em 3D ajuda no aprendizado de alunos em Cariacica

Imagine como seria estudar geografia sentindo o relevo de mapas ou aprender matemática com um jogo de xadrez? Isso já faz parte do dia a dia dos alunos da Escola Municipal Ensino Fundamental Euvira Benedita Cardoso da Silva, em Novo Brasil, onde a sala de aula virou laboratório de criatividade e inclusão.

Com cerca de 700 alunos do 1º ao 9º ano, a escola tem a tecnologia como aliada para tornar o aprendizado mais acessível, através do uso de impressoras 3D. Com elas, os professores conseguem produzir materiais didáticos em relevo e os alunos aprendem também tocando os objetos.



Mapas que antes eram apenas imagens, ganharam contornos e detalhes que podem ser explorados pelo tato, o que é muito importante, principalmente para alunos com deficiência visual ou autismo.


A EMEF Euvira Benedita Cardoso da Silva é uma das 75 escolas municipais que receberam impressora 3D. A Secretaria Municipal de Educação investe na formação de professores e na implementação do equipamento, trazendo uma perspectiva diferente para o processo de ensino e aprendizagem.


O técnico da Secretaria de Educação, Roberto Carlos Machado, que faz parte da equipe de Ciência, Tecnologia e Inovação da Gerência de Educação Integrada, explica que com a chegada das impressoras 3D, a produção de materiais pedagógicos táteis vem sendo ampliada nas escolas do município. 



Dentre as produções, ele destaca uma muito importante: o alfabeto em braille, criado para estudantes com deficiência visual que estão em processo de alfabetização.


"Fizemos uma reglete para ter um material inicial e ver como vai funcionar, porque é algo de custo alto para as famílias. A reglete produzida por meio da impressora 3D tem baixo custo quando comparamos com os preços das disponíveis no mercado,” explica ele.



Atualmente, a rede municipal de ensino de Cariacica tem vinte e dois alunos com baixa visão matriculados, dois com visão subnormal e dois com cegueira. Atuando na educação especial desde 2019, a técnica pedagógica da Seme, Marta Correia de Oliveira destaca que a impressora 3D é capaz de trazer uma nova perspectiva para os alunos.



"O aluno da educação especial precisa do concreto e a impressora 3D traz essa possibilidade de ter um objeto, uma nova forma, e esse contato. Existem crianças com deficiência visual que não têm noção de como é um animal, como é o próprio mapa, qual é o formato. Tendo essas miniaturas e essa possibilidade, é muito importante para o desenvolvimento", explica ela.


Impressoras já foram inseridas no dia a dia dos alunos


O professor e pedagogo Paulo César da Silva Passamai explica que os alunos começaram a ter contato com a impressora aos poucos. O trabalho vem sendo desenvolvido a partir das práticas realizadas em sala de aula, coordenadas pelos professores, que passaram por uma formação da Secretaria de Educação.



"A proposta do uso da impressora materializa práticas pedagógicas, podem ser pensadas ações em que os alunos idealizam o projeto e constroem junto com o professor, como as pirâmides, por exemplo. O professor solicita, é elaborado, mas isso pode ser feito de forma conjunta também. As diversas possibilidades incluem tanto práticas pedagógicas quanto uso comum", explica ela. 


A professora de História, Marilza Barbosa, trabalha na escola há 15 anos, conta que os alunos ficaram impressionados ao ver as pirâmides criadas pela impressora 3D.



Sobre as impressoras, a professora disse: "Ela chegou na época em que estávamos trabalhando as pirâmides aqui na América e eles ficaram impressionados. Foi muito importante eles verem isso, olharem na prática. As turmas do 9º ano, inclusive, quiseram pegar mesmo e também viram esses objetos sendo feitos", explica. 


A impressora 3D nas escolas é uma importante ferramenta para produção de recursos didáticos. A inclusão da modelagem de peças pelos alunos como forma de pensar soluções para o cotidiano é uma ferramenta fundamental para estimular a criatividade e promover seu desenvolvimento.