Aluno da rede municipal e paratleta é exemplo de superação

Jorge, carinhosamente chamado de Jorginho, veio sorrindo, animado com a ideia de ser entrevistado. A mãe do rapaz, já sentada na quadra da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Stélida Dias, contava a história do menino, e de como o esporte e a escola trouxeram o sorriso dele de volta. Atualmente com 17 anos, o rapaz carrega uma história de vida de superação.


Aos 10 anos, após Jorge Luiz da Conceição Santos Filho reclamar de uma dor insistente no braço, a mãe, Kátia Vieira dos Santos, buscou ajuda médica. Foi aí que veio o diagnóstico. “Era um câncer na coluna. Os médicos não deram expectativa de vida para ele. Eles diziam que esse tipo de câncer era como um furacão que ia destruindo a pessoa”, contou.


Imediatamente, começaram os tratamentos. Sessões de quimioterapia e radioterapia e a cirurgia que eliminaria o tumor, mas traria sequelas. Jorge ficou tetraplégico. Continuaram os esforços para que o menino vencesse a doença, e agora, a tetraplegia. Aos poucos, os movimentos voltaram, com exceção das pernas.


“A opção que tinha era fazer uma outra cirurgia que talvez ajudaria nos movimentos das pernas, mas aí, o risco de perder ele era de 99%. Então, optamos por não fazer”, explicou a mãe. A ordem era se adaptar a nova vida e durante dois anos, por recomendação médica, Jorginho ficou isolado dos amigos e escola até que finalizasse todos os tratamentos.


A animação e o sorriso fácil do menino deram lugar a tristeza e a depressão. Recuperado do câncer, e de volta à escola, um dos responsáveis por driblar essa dor, foi o professor de Educação Física Luiz Eduardo Oliveira Neves da Emef Stélida Dias, em Campo Grande, escola em que Jorge estuda há quatro anos.


“O esporte entra na vida do Jorge para melhorar a autonomia, a autoestima e o desempenho. Depois de perceber durate as aulas o potencial que ele tem, fiz o convite para ele treinar modalidades do atletismo no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Ele aceitou e com dois meses de treino, já foi competir. Dentro do atletismo ele trabalha o lançamento de disco, lançamento de dardos e arremesso de peso”, disse o professor.


No esporte, Jorge se reencontrou. Antes da doença, o menino não faltava a natação e ao futebol, e agora, essas modalidades deram lugar ao atletismo. O rapaz já carrega uma medalha de quarto e quinto lugar, conquistados em um campeonato paralímpico realizado em Curitiba; e primeiro lugar na seletiva paralímpica escolar estadual. Com essa última vitória, Jorge se classificou e vai em novembro representar o estado na Competição Brasileira Paralímpico Escolar, em São Paulo.


Jorginho voltou a ser aquele menino de sorriso fácil e cheio de sonhos, e aos poucos, tem conquistado o espaço que deseja no esporte. “Se hoje estou aqui, devo também ao meu professor e a escola. Aqui (na escola) eu estou em casa. E o meu caminho é o esporte”, finaliza.