Batalha do Castelo, uma disputa de rimas, comemora oito anos, com evento nesta sexta-feira (6)
Por Joviana Venturini, postado em 03/12/2024
Fotos Divulgação
A próxima sexta-feira, dia 6 de dezembro, será dia de duelos em Cariacica. Mas as armas serão as rimas dos participantes do evento que vai marcar os oito anos da Batalha do Castelo, em Castelo Branco. A programação começa às 19 horas, na praça do bairro e foi organizada pelos produtores culturais André Vieira, o Da7, e Wemerson de Oliveira, conhecido como Olok. O apoio é da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Cariacica (Semcult).
As batalhas de rimas fazem parte do movimento hip hop e envolvem MCs improvisando rimas em um tipo de "duelo". Envolvem improvisação verbal em que os participantes se desafiam a criar na hora versos que abordam questões sociais e políticas. A disputa conta com sete participantes confirmados, que foram os vencedores das edições anteriores do projeto. O nome do ocupante da última vaga será sorteado no momento do evento. Nos intervalos das rodadas, o palco será aberto para algum artista que queira divulgar seu trabalho.
“A ideia do evento, é dar visibilidade aos MCs e poetas locais, incentivando a juventude. Com a visibilidade, pretendemos mostrar que dentro das comunidades periféricas e em vulnerabilidade há muita potencialidade”, destaco André Vieira.
O universo do hip hop, segundo André, é uma ferramenta de resgate para os jovens das periferias que muitas vezes são seduzidos pelo mundo do tráfico e de outros tipos de crimes. Ele mesmo é um exemplo da transformação que o movimento cultural pode provocar. O produtor se envolveu com o tráfico, chegou a ser preso, mas conseguiu ser resgatado pela força da cultura.
“Na minha adolescência, como qualquer outro jovem periférico, a minha casa já estava cheia de dificuldades. A minha mãe separada do meu pai não estava conseguindo trabalhar mais por conta desse meu irmão com deficiência, então, por várias coisas e vários fatores de dificuldades financeiras, eu acabei me enrolando ali com o tráfico.”
Na primeira vez que foi trabalhar no tráfico, André foi detido. “Por incrível que pareça, na primeira vez que eu fiquei na boca de fumo, eu fui preso. Graças a Deus consegui sair na audiência de custódia. Quando saí, muitas pessoas falavam que o tráfico não era lugar pra mim pois eu já era um artista”, contou.
Mais tarde, ao começar a se envolver com o Centro de Referência das Juventudes (CRJ) de Castelo Branco, ele passou a entender as políticas públicas e daí para se destacar foi um pulo. “Ali, me chamaram pra fazer uma apresentação junto com a batalha de rima, fazer uma apresentação de freestyle, dei entrevistas para TVs e foi aí que eu me senti um artista a primeira vez. Mas aí pensei: “Cara, eu não preciso de uma entrevista pra TV para me sentir um artista, eu sou um artista”.