Carnaval de Congo de Máscaras é suspenso por causa do coronavírus

A maior expressão de cultura popular de Cariacica, o Carnaval de Congo de Máscaras, terá que sofrer alteração no seu calendário. Comemorado no dia de Nossa Senhora da Penha, a festa, que seria celebrada na próxima segunda-feira (20) em Roda d'Água, foi suspensa. O motivo: a pandemia de coronavírus.


"Cultura é, antes de tudo, vida e saúde e elas vêm em primeiro lugar. Para a gente evitar aglomerações e a propagação da doença, decidimos pela suspensão das comemorações, assim como toda e qualquer atividade que signifique multidões e formação de público", explica a secretária de Cultura, Renata Weixter. O carnaval reúne uma média de 10 mil pessoas.


Ela informa que, após a pandemia, haverá uma reunião com as bandas e grupos participantes para que seja definida a nova data da celebração. O diálogo é feito entre a Secretaria Municipal de Cultura (Semcult) e a Associação das Bandas de Congo de Cariacica, formada pelas bandas São Benedito de Piranema, Santa Izabel, São Benedito de Boa Vista, Unidos de Boa Vista, Mestre Tagibe, São Sebastião de Taquaçuru e as mirins de Mestre Tagibe e a de São Benedito de Piranema. 


Homenagem e documentário


Mesmo sem evento, a Semcult irá fazer uma homenagem ao Carnaval. Vai divulgar nas redes sociais da Prefeitura, o curta-metragem "O Bom da Brincadeira". O documentário de 2014, dirigido por Ricardo Sá, reúne os integrantes das bandas assistindo às imagens do congo de Roda d'Água em três momentos: em 1992, 2002 e 2012. O filme registra os comentários e as análises dos mestres e participantes das bandas, enfocando as transformações que a festa popular passou ao longo das décadas. A produção ganhou recursos da Lei João Bananeira, de incentivo à produção cultural da cidade.


"Iremos postar esse documentário na segunda-feira, às 18h, que é um momento simbólico e alto da festa. É quando as bandas entoam sua louvação à Nossa Senhora da Penha, no palco do carnaval", descreve a secretária. 


Carnaval de Congo

O carnaval de congo de máscaras faz parte de uma tradição iniciada no século XIX. Como a distância até o Convento em Vila Velha era muito longa, os moradores da região rural de Roda D’Água trataram de expressar seu amor por Nossa Senhora da Penha, celebrando a santa em Cariacica mesmo, com o batuque e a alegria das bandas de congo.

Na época, escravos e ex-escravos não podiam participar do evento. A forma de driblar a proibição era se fantasiar com máscaras artesanais feita à próprio punho e forrar o corpo de folhas de bananeira, além de tecidos coloridos.  A prática acabou dando origem ao personagem símbolo do carnaval, o João Bananeira. A figura folclórica extrapolou de tal forma que hoje é símbolo do município.