Assistência promove capacitação sobre o Programa Família Acolhedora

Campinas, 1978. Então com 18 anos, a hoje doutora em Assistência Social, Jane Valente, trabalhava em um orfanato e nascia ali o desejo de dedicar-se à uma modalidade de atendimento que ofertasse, àqueles meninos e meninas, convivência familiar. Lá se vão 41 anos e Jane tornou-se referência na defesa dos direitos das crianças. Nesta segunda-feira (16), ela veio a Cariacica dividir sua experiência com técnicos da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas).


“Recebi esse convite com muita felicidade, trabalho com isso há 22 anos e a cada convite eu vejo que o serviço está sendo ampliado. Eu vejo, principalmente, aqui em Cariacica, uma preocupação muito grande com a qualidade dos serviços, isso faz a gente ficar motivado, eu sempre falo que não adianta a gente criar um serviço novo se os costumes forem velhos, temos que mudar, fazer coisas novas e eu percebo que essa equipe está com muita vontade”, elogiou.


Por sete anos Jane coordenou o Serviço de Acolhimento e Proteção Especial à Criança e ao Adolescente (Sapeca), da Prefeitura de Campinas. O trabalho é uma das principais referências no Brasil e na América Latina em acolhimento familiar e serviu como inspiração para as teses de mestrado, doutorado e para o livro Família Acolhedora: as relações de cuidado e de proteção no Serviço de Acolhimento.  



A palestrante fez um resgate histórico de como as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade vêm sendo tratados no país, as mudanças obtidas com a Constituição Federal de 1988 e todas as normativas a partir disso, análise de contexto legal e situacional do Brasil entre outros.


O evento ocorreu no Salão do Júri do Fórum Doutor Américo Ribeiro Coelho, em Alto Lage, e reuniu além de técnicos da Semas, representantes das prefeituras de Vitória, Vila Velha, Serra, Ibiraçu, Itarana, Alfredo Chaves, Guarapari, Piúma e Anchieta.


O secretário de Assistência Social de Ibatiba, Vanderlei Alves Ribeiro, e a assistente social, Selma Olívia Ferreira, viajaram cerca de 168 km para participarem da capacitação e conhecerem de perto o Programa Família Acolhedora, desenvolvido em Cariacica desde 2012.


“Nossa cidade tem a Casa Lar e estamos com um movimento muito grande, estamos com medo de não darmos conta, ficamos sabendo da existência do Família Acolhedora e eu estou maravilhado com tudo o que estou aprendendo aqui. Quero muito que isso seja implantado no município de Ibatiba, o prefeito já demonstrou o desejo e eu fiquei encantado”, disse Vanderlei.  



Debate


De acordo com Jane o Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca) foi modificado pois há pesquisas que mostram que crianças, de 0 a 3 anos de idade, têm 80% do cérebro desenvolvido nesta faixa etária. Por isso, o Programa Família Acolhedora volta-se, principalmente, para a primeira infância.


“De 0 a 6 anos é a fase favorável para estruturar a base do que o adulto será e uma família oferece melhores condições para esse desenvolvimento”. Seguindo esse raciocínio a assistente social defende que o tema acolhimento seja debatido com mais frequência nos âmbitos jurídico e acadêmico.


“O tema entrou para o Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca) em 2010, então temos 9 anos do instituto jurídico; e para o Sistema Único de Assistência Social (Suas), em 2005, mas até 2010 ainda estava sendo criada uma metodologia. Percebemos que agora que o Eca vem sendo aprimorado para melhor desenvolver essa prática e eu percebo que está tendo um avanço maior agora no Brasil”.


A coordenadora do Programa Família Acolhedora, Cristiana Furtado Caldas Couto, afirma que os técnicos da Semas receberam a capacitação como uma grande oportunidade de aprendizado.  


“A capacitação foi muito positiva, não só para o Programa Família Acolhedora, mas para toda a rede, trazendo conhecimentos e dados novos que vêm só agregar ao nosso trabalho”.