Cras de Alto Mucuri promove evento sobre violência contra crianças e adolescentes

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca) garante aos menores de idade proteção de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão e, atendendo a essa determinação, no próximo dia 29, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Alto Mucuri promoverá o evento “Vamos Falar das Flores”. Uma das atividades do evento será a palestra “Acolhimento a Crianças Vítimas de Violência”. 


A palestra, que será ministrada pelo psicólogo Getulio Sérgio Souza Pinto, será aberta à comunidade e serão abordados temas como tipos de violência contra crianças e adolescentes e sinais indicativos de quadros existentes de agressão. Para Souza, que é especialista em Violência e Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os tipos mais comuns são a física e psicológica, no entanto, a sexual é a mais severa. Ele aponta elementos de que indicam que uma situação de violência sexual pode estar ocorrendo.


“A negação muito drástica a entrar em contato com algumas pessoas, quadro depressivo, pequenos ferimentos na região genital, doenças sexualmente transmissíveis entre outros. Existem indicadores da ordem biológica, psicológica e social e todos com a mesma relevância”, diz.


A exploração sexual consiste na utilização de crianças e adolescentes para fins sexuais para obtenção de lucro, podendo ocorrer de quatro formas: prostituição, pornografia, redes de tráfico e turismo com motivação sexual.


Já o abuso sexual é a utilização da sexualidade de uma criança ou adolescente para a prática de qualquer ato de natureza sexual. Um dos agravantes do abuso sexual é o fato de ele, geralmente, ser praticado por uma pessoa com quem o menor possui uma relação de confiança, e que participa do seu convívio. O psicólogo explica que cerca de 80% dos casos de abuso sexual ocorrem no seio familiar.


“Esse tema precisa ser pauta do dia, não pode ficar relegado ao silêncio e à invisibilidade. Um dos grandes problemas dos índices de violência sexual que nós temos no Brasil é que uma grande maioria, cerca de 70% a 80% dos casos, ocorrem dentro de casa, na maioria das vezes, por um homem próximo à criança, presume-se que o silêncio é o que garante essa impunidade”, avalia.


Sequelas


Considerando que a infância é o momento crucial de formação da personalidade, a experiência de violência sexual nessa fase da vida costuma ser mais severa, podendo deixar sequelas para o resto da vida.


“Costumamos observar quadros de estresse pós-traumático, caracterizado por uma revivescência constante do acontecimento; insônia; retração social; agressividade; irritabilidade e fobias. Lá na frente a gente pode encontrar quadros mais severos em termos psiquiátricos como depressão, bipolaridade e esquizofrenia”, aponta o especialista.


Por isso, jogar luz sobre o tema é essencial, como declara a coordenadora do Cras de Alto Mucuri, Lylliane Barcellos de Assis Mariano. “É importante falarmos sobre acolhimento porque estamos vendo, em nossa sociedade, muitas crianças e adolescentes que sofrem todos os tipos de violência. Muitos nem demonstram isso, a gente é quem percebe”, lamenta.


A fala de Lylliane é engrossada por Souza. “Iniciativas como essa, de levar essa discussão, tanto para profissionais quanto para a comunidade, tem um efeito imenso sobre esse quadro assustador da violência sexual contra crianças e adolescentes”.    


Na ocasião as crianças do Serviço de Convivência farão a apresentação da música "Fico Assim sem Você", de Claudinho e Buchecha.


Serviço


Evento: Vamos falar de flores em prol da campanha Faça Bonito

Palestra: Acolhimento a Crianças Vítimas de Violência

Dia: 29/05/2019

Hora: 13h às 15h

Local: Cras de Alto Mucuri. Rua Bragança, s/n°, próximo à Igreja São João Evangelista