Fé, cultura e tradição marcam o Carnaval de Congo de Máscaras

Nesta segunda-feira (29) o sol brilhou forte e iluminou os devotos congueiros de Nossa Senhora da Penha que, mais um ano, partiram rumo a Roda D’Água, área rural do município, para o Carnaval de Congo de Máscaras. A festa começou com o cortejo à padroeira, com saída da sede da banda de congo do Mestre Tagibe.


Guiados por João Bananeira e ao som de casacas, tambores, apitos e muitos cânticos as bandas seguiram em procissão até o Campo Society, onde, na sequência, foi realizada a missa congueira presidida pelo padre Carlos Antônio da Paróquia do Bom Jesus.



Após a missa os congueiros seguiram, em cortejo, para o Campo do América, onde acontecem shows durante todo o dia. A festa encerra-se às 18, com show de tambores e pirotécnico.


Cultura


O Carnaval de Congo de Máscaras é um dos principais eventos culturais capixaba. A festa foi criada pelos antigos escravos que não podiam participar da celebração em homenagem à Nossa Senhora da Penha.  Para não serem reconhecidos, os participantes usavam máscaras. Para dificultar ainda mais o reconhecimento, se vestiam com palhas secas de bananeira. Surgiu então o personagem João Bananeira.


Ano após ano a festa vem ganhando notoriedade, conforme destaca a secretária de Cultura, Renata Weixter. “Esse carnaval é um momento pontual e bonito que já acontece há dois séculos. É tradição, reconhecimento e uma força que vai sendo passada de geração em geração. O Brasil já está reconhecendo o Carnaval de Congo de Máscaras de Cariacica, porque é o único que nós temos no Brasil de Congo e de Máscaras”, afirma.


Para o prefeito, Geraldo Luzia, o mais importante do Carnaval de Congo é a preservação da cultura de Cariacica. “Esse evento representa uma atividade da cultura popular cariaciquense. Por isso, a Prefeitura participa, com o objetivo de garantir que essa história seja sempre lembrada, respeitando as particularidades do Congo de Máscaras, dos congueiros e do povo que faz a festa aqui, sem intervenção alguma. Aqui encontramos diversos recados que, ao longo da história, não foram interpretados como deveriam, mas o povo começa a entender nos dias atuais”.


Tradição


Em muitas famílias o amor pelo congo passa de pai para filho, foi assim na casa do mestre Tagibe, 70. Desde menino ele participa da festa e vem passando a tradição para os filhos e os netos.


“Temos que incentivar mesmo para o congo não acabar, a tendência é cada vez melhorar o carnaval para que ele continue sendo brilhante. O congo para nós aqui representa tudo, é a nossa devoção”, conta.


Assim como os netos do mestre Tagibe, a pequena Joyce Luize Vieira Cardoso, 8, já está crescendo seguindo a tradição congueira. A família dela faz parte da tradicional banda Santa Izabel, que é responsável por abrir o cortejo. “Eu gosto porque passou pelo meu avô, pelo meu pai e chegou em mim que sou a menor da minha família. A gente dança, brinca e fica feliz”, diverte-se.



E do mais novo ao mais velho, todos querem é participar, exemplo disso, é o mestre Haroldo Silva, da banda Timbuí, que do alto de seus 73 anos, andou, dançou e garantiu que não cansou nem um pouquinho. “Eu participo todos os anos. É muito importante ter fé, devoção e manter a cultura, sou devoto não só de Nossa Senhora da Penha, mas também de Nossa Senhora da Aparecida, São Benedito e São Sebastião, desde os cinco anos de idade”.

Diversidade? Temos!


O cabeleireiro, Eduardo Silva, 19, é rainha de bateria da Mocidade Serrana há dois anos e não conteve a felicidade ao ser convidado pela banda Santo Expedito, da Serra, para ser porta-bandeira.


“Acho muito interessante abrirem esse espaço para a diversidade, o preconceito está acabando porque o mundo está se modernizando. O recado que eu deixo para as trans, drags e gays é para elas não ligarem para o preconceito e ser o que elas são porque a gente brilha e transmite felicidade e isso é o que importa”.