Projeto Apadrinhamento Afetivo realiza encontro

Tia me leva ao parquinho? Tia faz um bolo para mim? Tia brinca comigo? Tia compra aquele carrinho? Eu te amo, tia! A casa da cuidadora de idosos Jane Silvia Souza Prata, 47, que por anos foi silenciosa, agora já não é mais. Como ela mesma diz, a casa ganhou mais vida com a chegada de uma criança de 9 anos. Jane é uma das sete madrinhas do Projeto de Apadrinhamento Afetivo desenvolvido pela Secretaria de Assistência Social (Semas). Na tarde de ontem (31), Jane e outros padrinhos participaram de uma reunião de avaliação do projeto.


Os encontros acontecem trimestralmente e o intuito é ouvir dos padrinhos e madrinhas como está sendo a convivência com o menor acolhido. A assistente social do Projeto de Apadrinhamento, Aryany Rabbi Vedova Pires, explica que para além dos encontros presenciais o contato telefônico é mantido semanalmente.

É como brilho no olhar e fala mansa que Jane descreve a convivência com a criança de 9 anos que apadrinha desde agosto do ano passado. "A experiência tem sido muito boa, tenho uma ligação muito forte com crianças. A parte mais gostosa é quando ele chega lá em casa e tem um presentinho guardado para ele. Às vezes é muito difícil falar não, mas temos que saber falar".

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Solidão foi o motivo que levou Jane a se tornar uma madrinha. "Terminei os estudos e não tive filhos, engravidar foi ficando para depois até que coloquei na cabeça que já não dava mais, foi quando conheci o projeto, por meio de uma colega que já tinha apadrinhado uma criança", lembra.

Jane conta que, com o aval do marido, visitou o abrigo e passou a participar das festas, até que um dia chegou a vez dela apadrinhar uma criança. O ano era 2010 e o pequeno em questão tinha 3 anos de idade. "A casa ganhou alegria", conta em tom de gratidão. Hoje, ela já está apadrinhando a segunda criança.

O Projeto de Apadrinhamento foi criado em 2012 e de lá pra cá tem proporcionado à crianças e adolescentes, com idades entre 7 e 18 anos, a oportunidade de vivenciarem experiências familiar e comunitária. "Para essas crianças e adolescentes que tiveram isso rompido, que foram negligenciadas e estão em vulnerabilidade", explica Aryany.
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Para se tornar um padrinho alguns critérios devem ser seguidos: não estar inscrito no cadastro de adoção da Vara Especializada da Infância e Juventude e entregar à Semas toda a documentação listada no ato normativo 13/2015 do poder judiciário. Todo o processo, incluindo visita domiciliar, dura em média 3 meses.

No momento há 22 pessoas cadastradas para se tornarem padrinhos e 14 crianças e adolescentes para serem apadrinhadas.

Vida nova

Cronologicamente a professora Alessandra Ribeiro do Rosário nasceu em 08 de agosto de 1973, mas no dia em que apadrinhou a primeira criança, um menino de 11 anos, ela nasceu novamente. Foi nesta data que ela viu a vida ganhar mais sentido. Hoje ela é madrinha de uma adolescente de 17 anos.
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"A gente vê muito em escola crianças que sofrem abusos, essas coisa.  Com ele eu aprendi a valorizar mais as pequenas coisas.  A mensagem que eu deixo para quem está pensando em apadrinhar é que deve ir, pois o caminho é esse, não fique com medo", aconselha.